Pesquisa recente da pesquisadora e professora de Geografia Agrária da USP, Larissa Bombardi, sobre o alto índice de agrotóxicos que consumimos no Brasil e os reflexos para a saúde espantam. Mortes por intoxicação e suicídio são alguns dos casos citados pela especialista em seu trabalho mais recente, que resultará no livro Geografia Sobre o Uso de Agrotóxicos no Brasil.
O estudo, em fase de finalização, reúne os dados sobre os venenos agrícolas em uma sequência cartográfica que dá dimensão complexa a um problema pouco debatido no país. São mais de 60 mapas entre os anos de 2007 a 2014. O Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, posto, até a década passada, ocupado pelos EUA.
“O glifosato, herbicida mais vendido no Brasil, e causador de câncer é 5 mil vezes maior na água potável por aqui do que na União Européia. Inclusive em algumas praças e parques públicos, ele é utilizado para capinar. Há muitas prefeituras utilizando também à beira da estrada. Por que é seguro aqui e não é lá fora? 30% dos agrotóxicos que são usados no Brasil são proibidos na União Européia”, alerta ela sobre a permissividade brasileira em relação a outros países.
Projeto de Lei em São Paulo
O cenário é realmente desesperador, contudo, alguns sinais de mudança começam a aparecer. A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou, na última semana, o PL 891/2013, que proíbe o uso de agrotóxicos que contenham em sua composição 20 tipos diferentes de princípios ativos. Entre os elementos vetados, está o glifosato.
Conforme descrito no artigo 1o da lei, “ficam proibidos na cidade de São Paulo o uso e a comercialização de agrotóxicos que apresentem em sua composição os seguintes princípios ativos: abamectina, acefato, benomil, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, glifosato, heptacloro, lactofem, lindano, metamidofós, monocrotofós, paraquate, parationa metílica, pentaclorofenol, tiram, triclorfom e qualquer substância do grupo químico dos organoclorados e que tenha sido banida em seu país de origem”.