A queda no consumo de etanol no país em razão da pandemia do novo coronavírus aponta para uma tendência de crescimento na produção de açúcar no Brasil, segundo a União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Unica).
Na região de Ribeirão Preto, canaviais de um grupo dono de três usinas devem resultar numa colheita de seis milhões de toneladas até o fim da safra 2020/2021, 10% a mais que a anterior. No entanto, o diretor Antônio Toniello Filho afirma que a redução na produção de etanol deve chegar a 30% em relação a 2019.
"O preço do barril de petróleo por causa da pandemia caiu e o consumo do etanol caiu 40%. Tivemos que virar toda a nossa produção para açúcar porque o mercado internacional estava com o preço bom de açúcar. Mas, como o Brasil virou muito a produção, o preço do mercado internacional em dólar caiu. Como o dólar aqui subiu, ele compensou essa perda de preço no mercado internacional", afirma.
Dados da Unica mostram que, na segunda quinzena de abril, unidades produtoras da região Centro-Sul moeram 37,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, contra 31,7 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.
Ainda de acordo com o balanço, 45,7% foram destinados à produção de açúcar, contra 30,8% em 2019.
"No começo da safra [abril de 2020], nossa projeção ia destinar 60% da cana ao açúcar. Após a pandemia, nós mudamos isso, e devemos destinar em torno de 68% para a produção dessa commodity", diz Jacyr Costa Filho, diretor da Região Brasil Tereos.
A baixa demanda por etanol é causada pelas medidas das autoridades que restringiram a circulação de pessoas pelo mundo. O preço do barril de petróleo despencou, influenciando o valor da gasolina e afetando diretamente o etanol no Brasil.
Mas, segundo o consultor em agronegócio José Carlos Lima Júnior, voltar a produção para o açúcar não significa, exatamente, faturar, e sim, reduzir as perdas.
"Quando você tem uma situação de pandemia associada a uma queda internacional do barril de petróleo, o etanol deixou de ser competitivo. Hoje, as usinas que têm condição de fazer a escolha pela produção de etanol ou de açúcar, elas passam a priorizar o açúcar porque é uma forma de se manter rentável, considerando que o dólar, neste momento, prioriza as exportações", diz Lima Júnior.
EPTV