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Agronegócio deve terminar ano com crescimento, mesmo com a pandemia do coronavírus, dizem especialistas
Economia e Negócios
Publicado em 10/06/2020

Um dos poucos setores que devem terminar o ano com crescimento, mesmo com a pandemia do coronavírus, é o agronegócio. Mas isso não quer dizer que o setor não passou por dificuldades e desafios.

O faturamento em 2020 deve subir 7% em relação ao ano passado, e chegar a R$ 689 bilhões, de acordo com o Ministério da Agricultura. O setor sofreu impactos gerados pela pandemia, mas tem conseguido enfrentar a crise e ainda obter bons resultados.

“Diferentemente de outros países, não houve falta de alimentos nos mercados e em nenhum momento o desabastecimento assustou a população. As gôndolas foram reabastecidas e não teve preços abusivos. São Paulo e o Brasil mostraram que não vieram a passeio”, afirma Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“O agro foi o mais bem preparado para receber a pandemia, mas não foi sem custos. Também tivemos fatalidade nesse setor e não foi sem prejuízos econômicos. Tivemos perda da demanda de etanol e chegamos a 70% de redução da demanda. Por outro lado temos os produtores pequenos focados em legumes e frutas e esses foram afetados diretamente nos seus negócios”, complementa.

O assunto foi tema de uma webinar promovida pela TV TEM, desta vez com convidados ligados ao setor da agricultura brasileira. Embora um dos setores mais afetados pela crise tenha sido o sucroalcooleiro, por conta da redução da demanda de combustível, as projeções para o mercado de etanol são positivas, segundo especialistas.

“Em São Paulo, nós tivemos uma grande transformação. A frota de veículos aumentou e nós reduzimos a poluição pela metade e isso se deve a maior utilização de etanol. No pós-pandemia o etanol deve ter uma valorização muito grande. Não só na questão ambiental, mas de saúde também. Eu acredito muito que o combustível renovável vai ser uma luz”, diz Jacyr Costa Filho, membro do Comitê Executivo do Grupro Tereos.

O incentivo ao pequeno produtor rural, que constitui a agricultura familiar brasileira, tem sido uma preocupação de entidades de classe, neste cenário de crise.

“80% da agricultura do Brasil são de pequenos produtores rurais que ainda precisam acessar essas tecnologias. Se não me engano, o uso de terras na pecuária é 0,8 por hectare. Se a gente conseguir dobrar isso já vai ser um ganho de eficiência tão grande. O avanço que a gente teria é capacitar esses produtores que estão fora dessa grande competitividade. Temos que ajudar, para que eles possam entrar com mais vigor”, afirma Teresa Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira.

Essa capacitação está cada vez mais ligada à busca pela eficiência na produtividade do campo.

“O agro é um termo que é tão amplo e como produtor rural o que a gente busca ao máximo é a eficiência na operação, porque o preço final é dado pelo mercado. Essa é a dinâmica que faz com que a cadeia toda tenha eficiência e preço competitivo”, diz Renato Cavalini, diretor executivo na Brookfield Brasil.

O agronegócio contribui com quase 25% do PIB brasileiro. Só os grãos produzidos no país alimentam mais de 1 bilhão de pessoas por todo o mundo, de acordo com a Embrapa. O setor é responsável por 20% dos empregos gerados no país e 40% por cento das exportações brasileiras.

De janeiro a abril, as vendas externas do agronegócio cresceram quase 6% em relação ao ano passado, foram 31 bilhões de dólares, quase 1,8 bilhão a mais do que em 2019.

“Os produtos brasileiros estão conquistando destaque lá fora, você vê o açúcar orgânico nas prateleiras das cafeterias de Paris, há uma tendência por produtos nossos na Europa. Antigamente para você conseguir crédito era só com banco público, hoje o produtor tem várias possibilidades, no sistema privado, comenta que o acesso é mais democrático”, diz Jacyr.

O crescimento das vendas do produto brasileiro fora do país é resultado de vários fatores entre eles: investimentos em tecnologia e gestão agrícola.

“A gente tem protocolos super rígidos, a gente está mostrando isso, continuamos exportando com uma segurança muito grande. Nós não tivemos problemas nenhum. Outra coisa é a consistência dos programas de controle sanitário a gente vê como isso é importante. O agronegócio não parou, ele está produzindo o tempo inteiro”, diz Tereza.

A força da agricultura brasileira diante da crise vem garantindo não só o abastecimento do mercado interno, mas também tornando o país um dos principais exportadores de alimento do mundo.

“O Brasil entrou no comércio de alimentos sem ser convidado. Nós conseguimos dominar o ecossistema tropical, e produzir no momento que tomamos a decisão de não copiar, de inovar produzir a partir dos nossos ensinamentos”, diz Gustavo. (G1)

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