A família do congolês Moïse Kabagambe, morto após ser agredido na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, não quer assumir os quiosques Biruta e Tropicália e vai desistir da concessão, confirmou o procurador da comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Rodrigo Mondego.
A informação foi dada pelo jornalista Ancelmo Gois, do jornal "O Globo". “Eles desistiram de assumir, não querem mais, por medo”, disse o advogado.
A ideia é marcar uma conversa com a prefeitura e Orla Rio na segunda-feira (15). Segundo Mondego, outras alternativas poderão ser discutidas para um local de homenagem a Moïse, ou até assumir outros quiosques em locais diferentes.
“Eles querem marcar com a prefeitura para conversar. Eles aceitam outro quiosque, podem aceitar outra alternativa. Mas não aceitam ficar ali porque não vão se sentir seguros nunca. Porque já disseram que não vão sair de lá”, disse ele.
O acordo para a concessão havia sido firmado e entregues à família de Moïse pelo prefeito Eduardo Paes e o secretário de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo, na segunda-feira (7).
“Desde o início entendíamos que a gente deveria lembrar permanentemente as pessoas do absurdo crime cometido contra uma pessoa, no caso o Moïse. Entendemos que isso poderia se juntar à presença da própria família do Moïse ali. É uma oferta feita pela prefeitura, mas também da Orla Rio”, disse Paes no dia do evento.
A Orla Rio é a concessionária detentora dos direitos da concessão pública dos dois quiosques.
Memorial e centro cultural
Segundo a prefeitura do Rio, os quiosques Biruta e Tropicália serão transformados em um memorial e ponto de transmissão da cultura de países do continente africano.
O secretário municipal de Fazenda Pedro Paulo Carvalho disse que a transformação do quiosque é uma forma de reparação à família. E vai ser um espaço público de lembrança para que a barbárie não seja esquecida e não se repita.
Ele acrescentou ainda que as oportunidades de emprego ligadas aos dois quiosques deverão, também, ser oferecidas a refugiados africanos residentes no Rio.
Manifestação
No sábado (5), o local e outras cidades foram palco de atos cobrando justiça por Moïse e promovendo a luta contra o racismo e a xenofobia.
G1