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'Piratas do Agro': Quadrilha investigada em Franca enviava agrotóxicos adulterados até por correio, diz Gaeco
Brasil
Publicado em 18/08/2022

Do G1 - Os defensivos falsificados por uma quadrilha de Franca (SP), alvo da Operação "Piratas do Agro" nesta quarta-feira (17), eram destinados a diferentes regiões do país por meio de um esquema complexo, com cargas transportadas tanto por rodovias quanto por remessas menores, enviadas pelo correio, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Em função dessa capacidade das operações da organização criminosa, de acordo com o promotor Adriano Mélega, ainda não é possível mensurar a dimensão dos danos causados à lavoura, à saúde pública e ao meio ambiente.

"A gente sabe onde começa a falsificação aqui, só que a gente não sabe onde terminam os efeitos deletérios, porque eles são destinados para todos os estados, seja por meio de transferência via rodovia, inclusive por remessas via correios, quando as cargas são menores, e isso para todos os estados, desde Centroeste, Sul, Norte, Nordeste", afirma o representante do Ministério Público.

Operação 'Piratas do Agro'

Com mais de 150 agentes, 50 viaturas e helicóptero, a força-tarefa do Gaeco e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) cumpriu oito mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão contra uma quadrilha investigada desde 2020 e que tinha como base a cidade de Franca.

Também houve cumprimento de ordens judiciais em Ribeirão Preto (SP), Cristais Paulista (SP) e Igarapava (SP).

Entre os presos havia uma mulher grávida que chegou a ser submetida a atendimento médico e de um homem que tentou fugir da polícia por uma rodovia, mas foi detido com apoio de um helicóptero.

Durante as diligências, os agentes fecharam locais usados para manipulação de produtos químicos bem como para impressão e adulteração de embalagens de agrotóxicos. Além dos mandados, a Justiça autorizou o bloqueio de bens dos investigados.

Os presos são investigados por organização criminosa, falsificação ideológica de documento público, lavagem e ocultação de bens, bem como por crimes ambientais e delitos específicos como o de usar, manter ou transportar agrotóxicos fora das especificações legais.

Além disso, podem responder administrativamente junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Apreensões levavam a Franca, diz PRF

Apesar da atuação em território nacional, a recorrente ligação entre as apreensões de agrotóxicos país afora e Franca ajudou os investigadores a identificar os suspeitos na cidade do interior de São Paulo, afirma Fernando Miranda, inspetor superintendente da PRF.

"As apreensões, muito embora em outros estados, estavam remetendo para a região de Franca, o que foi criando uma ‘mancha de calor’. Prendia no Mato Grosso do Sul, era alguma coisa relacionada com Franca. Prendia no Mato Grosso, era relacionado com Franca. Alguma coisa no Rio Grande do Sul, vindo pra São Paulo, relacionado com Franca. Então, canalizando todas aquelas informações que nós tínhamos que levavam à cidade de Franca e às pessoas aqui de Franca identificadas, trouxemos ao Ministério Público para providências", afirma.

Para o Gaeco, essa reincidência de Franca nas ocorrências da Polícia Rodoviária Federal também indica a concentração de pessoas ligadas à quadrilha investigada e à falsificação de agrotóxicos de um modo geral atuando na região.

"A partir da compilação desses dados a gente chega à conclusão que muitos dos falsificadores são daqui. Mas isso decorre de estar arraigado aqui na cidade esse tipo de organização e que, além da falsificação em si, envolve outros crimes tão graves quanto, falsificação de documento público, lavagem e ocultação de bens e valores, então infelizmente hoje sim, Franca e região a gente pode considerar como sendo um forte polo de adulteração de agrotóxicos", diz Mélega.

agentes

Agentes da PRF na Operação Piratas do Agro, em Franca (SP) — Foto: Isabela Diógenes/RPTV

 

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