Você provavelmente conhece alguém que viu alegria virar tristeza no Carnaval depois de cair em um golpe financeiro ou ter o celular furtado.
Pois o Carnaval 2024 está aí— mas golpistas também estão a postos para lucrar em cima da desatenção dos foliões.
É chato. É frustrante. Mas é possível adotar medidas que ajudem a evitar esse tipo de situação — ou, ao menos, a minimizar prejuízos.
O objetivo desta reportagem é justamente te mostrar os principais golpes financeiros praticados nessa época do ano, além de te dar dicas para evitar que a alegria da folia se transforme em um momento de frustração.
Os alertas e as orientações de especialistas estão classificados em três principais pilares:
Cuidados com o celular
Os smartphones são sempre muito visados por criminosos, especialmente em eventos com grande aglomeração.
Durante o Carnaval em 2023, por exemplo, houve 3.486 registros de roubos ou furtos de aparelhos só no estado de São Paulo, conforme mostrou à época o g1. O total de celulares levados pode ser ainda maior, já que um boletim de ocorrência pode conter mais de um aparelho.
Esse continua sendo um dos principais focos dos bandidos, que, em muitos casos, conseguem fazer movimentações financeiras utilizando o aparelho. O problema se agrava quando o celular é furtado durante o uso — ou seja, quando ele está desbloqueado.
"A partir daí, [os golpistas] realizam pesquisas por senhas eventualmente armazenadas no próprio aparelho", alerta, em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). "De posse dessas informações, tentam ingressar no aplicativo do banco."
Nesse sentido, valem os principais cuidados básicos contra furto:
Evite ao máximo usar o celular no meio do bloco ou em ambientes mais vulneráveis;
Guarde bem o aparelho: jamais deixe no bolso de trás da calça ou em local não visível;
Dê preferência ao uso de doleira, mantendo seus pertences por dentro da roupa — o que dificulta a ação dos criminosos;
Se puder, leve um aparelho mais velho, sem aplicativos de banco e informações pessoais.
Mas saiba que há outras maneiras de se prevenir antes mesmo de cair na folia — e minimizar danos caso o pior aconteça. Uma novidade para o Carnaval deste ano é o aplicativo Celular Seguro, criado pelo governo federal justamente para inibir roubos.
Lançado em dezembro de 2023, o serviço possibilita que quem tiver o celular roubado ou furtado avise de uma só vez várias instituições parceiras do governo, como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e bancos, dificultando o acesso de criminosos a aplicativos.
Na ferramenta, o dono do celular pode indicar pessoas de confiança para, se necessário, acionar o app em caso de furto ou roubo do aparelho, efetuando o bloqueio.
Em relação aos smartphones e aplicativos de bancos, os principais cuidados indicados pela Febraban e pelo educador financeiro da Rico Investimentos Thiago Godoy são os seguintes:
Utilize sempre o procedimento de bloqueio da tela de início do celular;
Ajuste os limites máximos das transações por celular no aplicativo do seu banco, de forma que atenda às suas necessidades;
A senha do banco deve ser exclusivamente usada para acessar a instituição financeira. Nunca use a mesma senha em outros aplicativos;
Jamais anote senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de WhatsApp ou outros locais em seu celular. Memorize-as para o uso;
Nunca utilize o recurso de “lembrar/salvar senha” em navegadores e sites;
Configure o app “Celular Seguro” e cadastre o aparelho. Indique pessoas de confiança para acionar o app em caso de furto ou roubo do smartphone;
Em caso de roubo ou furto, notifique imediatamente o banco para que as medidas adicionais de segurança sejam adotadas, especialmente o bloqueio do app do banco e senha de acesso;
Avise a operadora de telefonia para o bloqueio imediato da linha e registre o Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial;
Certifique-se de ter um seguro abrangente para o aparelho, cobrindo danos acidentais, roubo ou perda;
Ative a autenticação em dois fatores no app do banco;
Evite acessar o aplicativo do banco em redes Wi-Fi públicas e opte por conexões seguras;
Defina alertas de transações em suas contas bancárias para identificar atividades suspeitas;
Revise regularmente o extrato bancário para detectar qualquer movimentação não autorizada.
PIX
No caso do uso do PIX, é essencial confirmar se o QR Code indicado para pagamento ou transferência está com o valor correto e com a pessoa certa como destino. Em especial no Carnaval, o golpista pode se aproveitar de um momento de embriaguez.
Mas a atenção para isso não vale só para o Carnaval. Especialistas reforçam que o cuidado nesse momento é muito importante, evitando a pressa em resolver logo o pagamento.
A principal dica da Febraban é que os usuários configurem, no app do banco, o limite de transferência via PIX. A funcionalidade está disponível na internet banking e nos aplicativos bancários na área “Meus Limites PIX”.
Atenção para golpes com o cartão
Velhas práticas continuam sendo utilizadas por criminosos para lucrar em cima dos foliões durante o Carnaval.
Troca de cartão
Um dos golpes mais comuns é aquele em que o cliente pede uma bebida, entrega o cartão ao vendedor, digita a senha e, horas depois, percebe que seu cartão foi trocado.
Nesse golpe, o criminoso — que, muitas vezes, se passa por ambulante — devolve um modelo idêntico, de alguém que sofreu com o mesmo esquema.
Especialistas reforçam uma forma simples, mas eficaz, de evitar esse golpe: nunca entregue seu cartão para alguém inserir na máquina e realizar o pagamento. Faça isso você mesmo.
“Golpistas que trabalham como vendedores prestam atenção quando você digita sua senha na maquininha e depois trocam o cartão ao devolvê-lo. Com o cartão e a senha, fazem compras usando o seu dinheiro", alerta Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.
Segundo o especialista, outra prática é a de induzir a vítima a digitar a senha no campo destinado ao valor da compra. Assim, os números do código secreto são revelados para o golpista.
Alteração de valor
Outro golpe muito comum é o da alteração do valor. Nesse caso, o criminoso digita um valor diferente do que deveria ser pago.
Tendo isso em vista, se você já inseriu o cartão na maquininha e está pronto para proteger a sua senha, o terceiro passo é checar com cuidado o valor que aparece no visor. Outra dica é pedir o comprovante para confirmação do valor da compra.
Também são motivos de desconfiança as seguintes situações:
Se te falarem que o visor da maquininha está quebrado ou que o comprovante não está saindo: nessa situação, é preciso verificar o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do banco.
Quando o vendedor pede para passar o cartão novamente: ele pode passar um valor diferente, que você não consegue saber qual é. Nisso, pode acontecer de você digitar a senha acreditando que está pagando determinado valor, mas será outro.
Veja abaixo dicas da Febraban para proteger seu cartão — e sua conta bancária.
Cuide do seu cartão e não o guarde solto em bolsos ou bolsas. Isso pode facilitar o pagamento por aproximação em situações de aglomeração;
Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo;
Ao digitar sua senha, garanta que não esteja visível para quaisquer pessoas ao seu redor;
Não aceite realizar pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que você veja o valor real que está pagando;
Sempre verifique o valor digitado na maquininha e peça o comprovante impresso. Também configure no app dos bancos o envio de alertas de SMS a cada transação;
Se algum vendedor informar que precisa passar o cartão novamente, desconfie. Verifique o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do seu banco. Ou peça a guia impressa da última transação para se certificar de que não irá pagar duas vezes pela compra;
Caso o vendedor necessite pegar seu cartão, verifique se o cartão devolvido é realmente o seu;
Em caso de roubo, comunique imediatamente o banco e registre um boletim de ocorrência. Caso tenha o app Celular Seguro, avise as pessoas de confiança cadastradas no seu aplicativo para que acionem o bloqueio do aparelho.
Caí em um golpe com cartão e percebi depois. O que fazer?
O primeiro passo é ligar para o banco e explicar a situação. Quanto antes entrar em contato, maior a chance da instituição na tentativa de recuperar o dinheiro e realizar a devolução, explicou a Febraban ao g1 em outros carnavais. A segunda etapa é fazer um boletim de ocorrência.
As políticas de ressarcimento dependem de cada instituição bancária.
Em caso de celular roubado, a vítima pode acionar o app Celular Seguro por meio de outro aparelho ou das pessoas de confiança cadastradas no aplicativo. Também valem as medidas já conhecidas de muita gente:
ligar para a operadora e cancelar o chip;
ligar para as instituições bancárias para bloqueio de contas e acessos;
registrar um boletim de ocorrência.
Importante lembrar que, para facilitar o bloqueio, tenha guardado o número da operadora do celular e o IMEI do aparelho.
G1