A presidente Dilma Rousseff encaminhará na segunda-feira ao Congresso mensagem sugerindo a convocação de plebiscito sobre reforma política, na qual listará as perguntas que, em sua opinião, devem ser feitas aos eleitores.
Até aqui, duas perguntas já estão certas: qual tipo de financiamento de campanhas a população prefere (público, privado ou misto) e o modelo de voto (distrital, distrital misto ou proporcional).
Para fechar a lista de questionamentos, Dilma recebe hoje representantes da base governista. Amanhã, segundo assessores, serão convidados os líderes da oposição.
O vice Michel Temer foi chamado para as reuniões, que terão a presença dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Educação).
Dilma falou também ontem por telefone com a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, sobre como e quando poderia ser realizada consulta. O governo trabalha com uma data no início da segunda quinzena de agosto.
Antes, durante duas ou três semanas, seria feita campanha publicitária para esclarecer a população.
A mensagem de Dilma será enviada aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A partir dela, será elaborado decreto legislativo, com a lista final de perguntas a ser definida pelo Congresso, que tem de aprovado pelos parlamentares.
MARATONA
Os encontros com governistas começam hoje pela manhã entre Dilma e os presidentes de partidos da base. Até a noite de ontem a oposição não havia recebido convite oficial do Planalto, mas já decidiu que vai levar para o encontro outras propostas.
Os oposicionistas afirmam que a reforma política é uma pauta imposta por Dilma que não responde às principais reivindicações das ruas.
A pauta da oposição reúne 26 propostas como a redução pela metade no número de ministérios e cargos comissionados do governo e revogação do decreto que proíbe a divulgação dos gastos em viagens presidenciais.
"A reforma política não pode esconder outros problemas que a população está vivendo. A presidente quer dar em 48 horas respostas que não deu em dois anos", disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Ontem pela manhã, Mercadante descartou a ideia de substituir o plebiscito por um referendo, ideia defendida por juristas. O governo buscou ainda rebater as críticas aos custos elevados para realização do plebiscito, vindas por exemplo do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello.
O ministro da Justiça afirmou que "a democracia sempre tem o custo. E temos que ouvir o povo. Negar isso é negar que o povo tenha o direito de se manifestar".
Da Folha de SP