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Jornada transforma Rio de Janeiro em capital mundial do catolicismo
Brasil
Publicado em 23/07/2013

BBC - A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), maior evento do mundo direcionado a jovens católicos, promete elevar o Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira, até o próximo domingo, 29, ao status de capital mundial do catolicismo.

Além dos atos centrais, que contarão com a participação do papa (com exceção da missa desta terça-feira, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta), estão previstas diversas atividades religiosas, desde catequeses até shows de música e dança, passando por missas e palestras.

Segundo estimativas da organização do evento, cerca de 2,5 milhões de fiéis devem participar da jornada, que chega em 2013 à sua 28ª edição.

Caso a meta se concretize, o número de devotos superará o da anterior, realizada em Madri em 2011, quando aproximadamente 2 milhões de católicos viajaram à capital espanhola.

Criada pelo papa João Paulo 2º em meados da década de 80 como forma de estreitar os laços e afinar o discurso entre a Igreja Católica e os jovens, a Jornada Mundial da Juventude é realizada a cada dois ou três anos.

O evento tornou-se rapidamente um dos legados mais positivos de seu papado, lembrado por vaticanistas e especialistas em religião, e ganhou importância para a Igreja Católica ao longo dos anos como instrumento para combater a perda de devotos.

Capital multicultural
Cartão-postal do Brasil reconhecido internacionalmente, o Rio de Janeiro também fará jus a seu aspecto multicultural: já são, ao todo, 350 mil peregrinos inscritos na jornada, vindos de mais de 150 países do mundo.

Os viajantes internacionais, em sua maioria, jovens, estão hospedados em casas de famílias. Depois do Brasil, o maior número de inscritos vem da Argentina, seguido por Estados Unidos, Chile, Itália, Venezuela, França, Paraguai, Peru e México.

Ansiosos por ver o Papa, eles dizem querer compartilhar experiências e levar de volta a seus países de origem as lições aprendidas durante o evento.
"Participei da Jornada de Madri há quatro anos. Lá, pude reafirmar meu compromisso com a fé católica. Espero poder ter a mesma experiência aqui no Brasil", afirma à BBC Brasil Georgia Taioli, de 20 anos.

Natural de Verona, no norte da Itália, ela chegou ao Rio na última sexta-feira, 19, acompanhada de outros 41 italianos. O grupo, que está hospedado em casas de família no Cachambi, bairro da Zona Norte carioca, deverá fazer, após o término da Jornada, uma viagem missionária a São Luís, no Maranhão, antes de voltar a seu país.
"Participei da Jornada de Madri há quatro anos. Lá, pude reafirmar meu compromisso com a fé católica. Espero poder ter a mesma experiência aqui no Brasil"

A fé também motivou a vinda do palestino Jamil Abu Joudan. Junto com amigos, ele veio ao Rio pela primeira vez e leva consigo a bandeira do território autônomo ainda não reconhecido pela ONU.

"Queremos ter o direito de professar o cristianismo na terra santa", diz ele, morador de Jerusalém. "Hoje, somos muito poucos, menos de 1% da população, e sofremos preconceito", acrescenta.

Para as primas americanas Helena e Thao Nguyen, de 22 e 18 anos, respectivamente, a viagem, além de conhecer o Rio, servirá para "compartilhar experiências".
"Já participamos de outras jornadas, como a da Austrália, em 2008. Queremos aproveitar esta temporada aqui no Rio para aprender mais sobre a cultura brasileira, o que, certamente, poderá nos ajudar no trabalho de voluntariado que fazemos em nossa comunidade", afirma Helena.

Humilde e sereno
Embora sejam de nacionalidades diferentes, os peregrinos estrangeiros enaltecem as características do novo papa e disseram acreditar ser ele a pessoa certa para mudar a Igreja.

"Não se trata de dizer que o papa Francisco é melhor do que seu antecessor, Bento 16. Mas ele tem uma sensibilidade que toca os fiéis de maneira diferente. Ele é humilde e faz o que prega literalmente", diz à BBC Brasil uma jovem uruguaia, que veio ao Rio com um grupo de meninas do Uruguai, com idades entre 18 e 20 anos.
A opinião é majoritária entre os jovens fiéis que participam da jornada.

Para o salvadorenho Gustavo , de 23 anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio "foi escolhido por Deus" porque "ele já sabia que seria a pessoa ideal para escrever o futuro da Igreja Católica".

Agenda
Entre os pontos altos da Jornada Mundial da Juventude, estão a festa de acolhida dos jovens e a Via Sacra, ambas na orla de Copacabana.

Mas o destaque deve ficar com a vigília e a missa no Campus Fidei, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, previstas para acontecerem no sábado e no domingo, respectivamente.

Ali, em um terreno de 1,3 milhões de metros quadrados dividido em 22 lotes, cada um equivalente a sete campos de futebol do Estádio do Maracanã, são esperados 1,5 milhão de fiéis.

Para chegar ao local, eles terão de andar cerca de 13 quilômetros até o local, peregrinação comum a todas as jornadas. (da BBC)

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